Histórias

Barata a lá grega.
Mais uma vez venho aos meus ouvintes contar uma historia que veio a acontecer comigo.
Essa prosa começou quando eu consegui um freela de contra regra no Teatro Municipal de São Paulo.
O trampo era show time, pagava um barãozinho, isso quando não dava o calote ou demorava meses pra finalizar os honorários, milzim pra quem ta parado meu vèi, é um mês a menos de preocupação.
Mais pra oreia seca nada é tão perfeito, os caras não pagava o almoço, ai você já sabe tinha que levar a marmita, pra quem não é oreia seca e não sabe nem o que é isso ai vai uma variação de nomes, quentinha, rango, bóia etc.
Nos primeiros dias até que a idéia da certo, toda noite coloca-se o rango na tigelinha de plástico depois coloca na geladeira e no dia posterior mochila e fui.
Na hora do almoço junta-se todos os oreia seca, pra devorar as marmitas e pra falar sobre a economia mundial, globalização e política... Agora sejas. Pra não dizer futebol, fazer piadas uns com os outros e sobre essas coisas manipulatórias que passa na televisão.
Mais ou menos do meio dia as uma hora era aquele blá blá blá.
Eu já não agüentava mais aquela rotina resolvi procurar um lugar pra comer nas proximidades, assim dava um role pelo centro nessa uma hora e juntava o útil ao agradável.
Andando ao lado do Teatro dei uma olhadinha para a parte dos fundos do mesmo e logo avistei uma aglomeração, era um daquele carrinho de churrasco grego, vi uma plaqueta meio encardida que dizia R$1,00 e o suco é grátis, não deu outra, fui logo pra fila gastei dois reais comi dois churrascos gregos (pão francês cheio de carne com uma miséria de vinagrete).
Foi assim durante toda semana, e eu no meu pensamento:
Ganhei na loto, gastando dois contos sem precisar trazer marmita era tudo que eu queria.
Um belo dia mais precisamente ao meio dia lá ia eu com aquela lara (fome monstro) adivinha pra onde?, Claro que era lá no C.G. (churrasco grego) mesmo tendo recebido alguns avisos de que não era nada higiênico aquele lanche econômico, eu apenas ignorei.
Peguei a velha fila, como era uma refeição falando no dito popular ”barata”, na fila sempre tinha alguns moradores de rua daquela região central, nesse dia não era diferente e na minha frente tinha um, barbudo tipo daquele que costuma comer de tudo.
No momento em que o cabeludo que era o atendente do estabelecimento abriu a gaveta pra tirar o troco do cliente que estava em frente ao barba, eu logo avistei uma carnaval fora de época de baratas dentro da gaveta, foi ai que fez sentido aquele barulho de moedas se batendo sempre quando a gaveta estava fechada.
E então o barba o tio morador de rua pediu:
Hei doido capricha na gordura e coloca umas três daquela – lá graudona.
O atendente não esboço nenhuma anormalidade esmagou três baratona daquela carnuda colocou dentre as carnes entregou pro barba, pegou aquelas moedas sujas com a mesma mão que rasgava o pão francês e jogou na gaveta, no exato momento que ele fechava a gaveta ele se virava pra mim falando:
Manda as ordens!
Eu meio sem jeito e sem saída fui logo deixando bem claro:
Faz um pra mim, mais ó... sem graúda!
Ele sem cerimônia já começou a rasgar o pão, preparou o C.G. e uns 50 segundos.
Eu logicamente de olho no serviço sem piscar, me posicionei ao lado da maquina de ponche (suco ralo) e fui logo pegando um copo descartável no mesmo momento em que o cabelo me entregava o seboso lanche.
Pensei em jogar fora mais a lara falava mais alto, comecei mordiscando aos poucos pela orelha do lanche, depois perdi o pedigree pois tinha prestado atenção no preparo da refeição, dava cada bocanhada tipo godzila, mais uma das sensibilidade da minha boca me fez ficar espantado, minha boca detectou tipo um fio de cabelo aranhando o céu da boca, quase que automaticamente a minha mão se elevou aos meus lábios preparando o meu polegar e o indicador para agarrar aquele corpo estranho.
Consegui com médio esforço pegar a ponta do suposto fio e comecei a puxar, à medida que ia saindo eu começava a imaginar que poderia ser o que eu temia mais ao sair por completo o medo tornou-se real, aquele cabelo era a anteninha daquela graúda que eu avia pedido pro atendente eliminar do meu lanche.
Na minha cabeça se passava mil coisas dês da economia por encher a pança por apenas um real, sem esquecer que o ponche era grátis, fora aquela sensação de mal estar estomacal, eu pensava isso tudo com a barata na ponta dos dedos na altura do meu olhar, a barata estava tão lúcida olhando pra mim que parecia que ela estava pedindo obrigado por não tela esmagado.
Foi ai que me veio o lado bom deste acontecimento, eu pensei o seguinte, se eu tivesse achado apenas a metade da barata então à outra já estaria no meu organismo, imagina se eu acho ela toda esmagada hum?
Enfim, fui reclamar com o comerciante:
__Pombo! Disse que não queria nenhuma graúda na minha chepa...
__Há coloquei uma de agrado. Disse o vendedor.
Nesse momento eu avistei outra plaqueta que dizia:
Vão ser cobrados 10 centavos por graúda.
Estava escrito meio que escondidinho por causa da vigilância sanitária.
Pra não ficar por baixo, olhei a graúda que estava esperneando nas pontas dos meus dedos coloquei-a, lá naquele cantinho de mastigar chiclete e dei uma seqüência de mastigadas, isso tudo olhando na bola do olho do vendedor e disse;
Esquece os dez centavos.